Po$%¨# Lula!
Não sei se já deixei isso claro aqui, mas eu sou fã do governo Lula. Isso se deve a todos os indicadores que analisei até hoje, que mostram, em números, uma virada no desenvolvimento do país. Inclusive,
faço vários posts com comparativos entre o governo Lula e FHC para mostrar o que a imprensa não mostra, que por definição é o mais importante.
Apesar de todas as conquistas do nosso país durante o governo Lula, há um fator que merece críticas. E digo isso não para parecer imparcial, pois não o pretendo. Aliás, no decorrer do post veremos que parte da culpa é do próprio FHC, o que não surpreende ninguém.
Pois bem, o assunto é o déficit em transações correntes. O PSDB já está atento a isso e já lhe deu o nome de "
herança maldita do governo Lula". Bom, de herança maldita eles entendem, e ainda mais em se tratando de déficit em transações correntes! Veja, na figura a seguir, o saldo acumulado comparando Lula e FHC:
Está bem fácil de perceber que o FHC "deixou escapar" do Brasil 186 bilhões de dólares em seus 8 anos de mandato. Já o Lula acumulou, em 7 anos, "apenas" 7,49 bilhões negativos. Enquanto o déficit do FHC chegou a 4,82% do PIB em agosto de 1999 (saldo de 12 meses),
o do Lula estava ainda em 1,79% do PIB (março de 2010), como mostra o gráfico a seguir (até fev/2010):
Ou seja, se for comparar, o governo Lula é muito melhor que o do FHC também nesse quesito.
Mas a K-H-da que o FHC fez não justifica que devemos cometer os mesmos erros. Hoje o Banco Central divulgou
Nota para a imprensa mostrando que "
As transações correntes foram deficitárias em US$5,1 bilhões, acumulando déficit de US$31,5 bilhões nos últimos doze meses, equivalente a 1,79% do PIB." Para o ano todo, a previsão é de US$49 bilhões de déficit!
Destaque para "As despesas líquidas totais de lucros e dividendos atingiram US$2,5 bilhões..., enquanto aquelas relacionadas a juros, US$582 milhões...". Ou seja, US$3 bilhões a menos apenas com remessa de grana investida aqui. Parte disso é culpa do FHC devido às privatizações de empresas que davam e ainda dão lucro. Outro fator que impacta é a constante desvalorização do dólar frente ao real, em parte culpa da política cambial do Brasil, em parte pelo crescente déficit americano, que irriga a economia mundial com dólares, causando essas desvalorizações.
O dólar desvalorizado impacta em outras contas, como podemos ver: "A conta de viagens internacionais registrou despesas líquidas de US$543 milhões, ante déficit de US$124 milhões em março do ano anterior, com aumento de 81,5% nos gastos efetuados por brasileiros no exterior e de 17,1% nas despesas de turistas estrangeiros no País."
Isso mostra que, como o dólar está barato, os brasileiros estão gastando mais lá fora. Além disso, os estrangeiros estão gastando mais aqui dentro também, mas parte desse aumento é absorvido pela desvalorização do dólar.
Outro fator problemático que vejo é a composição da carteira das nossas reservas internacionais (nem sei se pode ser chamado assim). A nota do Bacen mostra que "No mesmo período, ocorreram receitas de US$305 milhões com a remuneração das reservas, enquanto as demais operações externas, que incluem, principalmente, as variações de preços e de paridades, reduziram o estoque em US$581 milhões." Como nossas reservas internacionais estão em US$244 bilhões, o seu rendimento é de menos de 0,1% ao mês, e isso é menor que que as variações de preços e de paridades!
Ou seja, pagamos 8,75% de juros ao ano para uma dívida pública de R$1,4 trilhão e recebemos menos que 1% ao ano com as nossas reservas internacionais, e esse rendimento é todo consumido por outras variações!
Assim, é possível concluir:
- Precisamos desvalorizar o real;
- As privatizações do FHC diminuíram nossos ingressos e aumentaram nossas remessas, causando mais déficit;
- O fundo de investimento do Brasil precisa ser implementado. Se já o foi, precisa receber mais recursos, em especial os das reservas internacionais, para que se obtenha melhores rendimentos;
- Baixar as taxas de juros*.
Acréscimos:
Vou exemplificar para explicar o ganho duplo dos estrangeiros com a renda fixa por conta dos juros e da desvalorização cambial.
No começo de um ano o dólar vale 2 reais e a taxa de juros é de 10% ao ano.
O investidor compra 100 reais por 50 dólares.
No final do ano, ele tem 110 reais para sacar, mas o dólar está valendo apenas R$ 1,80. Por isso ele irá sacar 61,1 dólares, e não os 55 que ele recolheria do principal mais os juros.
Para piorar, esse rendimento era tributado, mas o governo Lula ainda isentou de IR os investidores estrangeiros que compram títulos da dívida!
Po%$# Lula!
Atentos a isso, os investidores estrangeiros metem grana aqui, causando mais desvalorização do dólar, que gera mais lucros e assim segue.
Para conter isso que o governo Lula decidiu taxar com IOF de 2% esses investimentos estrangeiros. Mas a medida não foi suficiente, haja vista a crescente entrada de recursos, batendo recorde atrás de recorde.
Pô Barba, abre o olho!
Mais um ajuste no post (22/4/2010 - 20:05):
E para provar que ele leu nosso blog, ele aproveitou e fez uma comparação (velada) entre o que era o Brasil com o FHC e o que é com o Lula:
"Mesmo com déficit de 2,5% do PIB, não há risco nenhum, diferentemente do passado, quando se tinha déficit em transações correntes, dívida externa alta e reservas baixas."
Para comprovar as informações dele, vamos os nossos estimados vídeos comparativos, na ordem em que ele falou:
Transações correntes:
Dívida externa em % do PIB:
Dívida externa em Reais:
Transações correntes:
Mais um acréscimo do Hermes (23/4/2010, 10:09):
Pelo jeito o Nassif também lê o nosso blog. Ao ler este post, ele tratou de me "desacalmar", e ainda trouxe uma lembrança amargosa dos idos do FHC. Leia o post dele: Link